quarta-feira, 13 de abril de 2011

Contos de fadas

Literatura é luxúria. Ficção é uma necessidade. (G. K. Chesterton)”
Muitas vezes, eu ouço gente me perguntando, com um ar de descrença e crítica, por que eu gosto de fantasia. A frase de Chesterton sintetiza bem essa idéia. Eu ouço constantemente pessoas a questionar o por que da minha preferência por  histórias sobre um menino que vai à Hogwarts para se tornar bruxo; crianças que acham guarda-roupas que as levam para mundos fantásticos; pessoas que tem em sua voz a capacidade de trazer à vida para personagens de livros; garotos que roubam dinheiro das fadas e travam uma batalha milenar. E eu respondo, que, respectivamente, Harry Potter, Nárnia, Coração de Tinta e Artemis Fowl e livros de fantasia em geral fazem do mundo um lugar melhor. A realidade é muito dura, muito cruel, muito negra. E se há algo que nos ajuda a esquecer dessas Trevas são os livros de fantasia. Aquela sensação que temos quando lemos Harry joga Quadribol e tem aulas de Herbologia, aquela sensação que temos quando ele finalmente se encontra com Voldemort se equiparam às sensações que tenho quando se entra num guarda roupa mágico ou quando Meggie lê Coração de Tinta ou então quando Aslam está na Mesa de Pedra. O ponto onde quero chegar é que, livros de fantasia não são apenas livros de fantasia. São mais, um universo enorme para ser explorado. Quem é contra fantasia nunca poderá entender essa verdade universal e transcendente: contos de fadas fazem pessoas melhores. Como tinha dito Chesterton em outra frase, que por um acaso é a epígrafe de Coraline Contos de Fada são a pura verdade. Não porque nos contam que os dragões existem, mas porque nos contam que eles podem ser vencidos.” Contos de fada nunca fizeram e nunca vão fazer pessoas alucinadas nem pessoas lunáticas. Contos de fada, porém, dão exemplos, lições de moral. Nunca, num conto de fadas, alguém que comete alguma ação imoral nunca é premiado: o vício é castigado e a virtude é premiada. Nos contos de fada, também, as pessoas são felizes e em alguns casos, para sempre. Há ainda a melhor parte: nunca o mal é vencedor, sempre o Bem triunfa. Através dos contos de fadas, milhares de crianças e adultos, ao redor do mundo e ao longo dos séculos aprendem lições de moral e como agir diante das mais distantes situações, através dos contos de fada é possível aprender exemplos e assimilar toda aquela fantasia na vida dita real. Fantasia ajuda milhares de pessoas a esquecer a realidade triste e sufocadora na qual estão inseridos. Quantas vezes não é possível alguém lendo um volumoso livro de Potter nos transportes públicos da vida? Ou então ver Artemis e Holly salvando um lêmure da extinção numa aula de Biologia? Quem nunca se refugiou nas páginas amareladas de alguma história mágica não sabe o que é a verdadeira magia. “Nós não precisamos de magia para mudar o mundo, nós já carregamos todo o poder que precisamos dentro de nós mesmos: nós temos o poder de imaginar melhor.” Fantasia é o tipo de coisa que alimenta essa magia. Sinceramente, o mundo real é triste demais para não se ter fantasia.  E eu termino de escrever, porque só quem já passou horas acordados ou lendo em lugares mais absurdos, livros sobre mundos fantásticos, vai entender o que eu pretendo ao escrever isso. E por fim, mais uma citação. Dessa vez, da autora de Coração de Tinta:     
“O mundo era terrível, cruel, impiedoso, negro como um sonho mau. Não havia um lugar para viver. Os livros eram o único lugar onde havia compaixão, consolo, alegria... e amor. Os livros amavam a todos que os abriam, ofereciam proteção e amizade sem exigir nada em troca, e nunca iam embora, nunca, mesmo quando não eram bem tratados.” (Cornelia Funke)